16.5.06

ATAQUES DE 13/05/06

Há muito tempo a violência em São Paulo chegou a um ponto caótico. Hoje, o Estado se mostra frágil e inábil perante o crime organizado. Em uma verdadeira operação de milícia, mais de cinqüenta ataques foram feitos contra policias civis e militares, guardas metropolitanos, agentes penintenciários. Execuções covardes e ações bem organizadas marcaram esse banho de sangue ocorrido na madrugada do dia 13 de maio de 2006. Não obstante, ocorre inúmeras rebeliões em diversos presídios tanto na capital quanto no interior do estado.

O que eu me pergunto, no entanto, é quando lutaremos de volta? A suposta “inteligência policial” não mostra resultados concretos. Tudo bem, o líder do PCC está preso. Mas de quê adianta? Mesmo dentro da cadeia ele é capaz de comandar uma rebelião em mais de 20 presídios. Isolá-lo não o impedirá de comandar sua facção. Pessoas como Marcola e Fernandinho Beira-Mar merecem o caixão. Essa escória da sociedade, produto de uma política corrupta, uma economia falida e um fracasso social, não tem salvação. Nem um milhão de anos o sistema carcerário brasileiro conseguiria habilitá-los a viverem em sociedade. Soltá-los é um crime; puní-los, uma obrigação; intimidá-los de todas as formas possíveis, um dever.

Afinal, o quão fácil é fazer um motim? Você queima uns colchões, decepa a cabeça de uns pra jogar futebol, tortura os carcereiros e, quando cansa, volta para a sua cela e deixa o BOPE entrar. Melhor do que isso, é ter a certeza de que aquele lugar será reformado, novos colchões será dados e dali a três meses você estará novamente no mesmo local de antes. Nessas rebeliões de maio de 2006, há ainda um agravante: não há reivindicações. Os marginais apenas decidiram mostrar o seu “poder” perante o estado.

Pois é. Basta! Mudem a Constituição e coloquem o Exército nas ruas. Forcem os presidiários a trabalharem nas penintenciárias. Não sou à favor de uma ditadura, mas convenhamos que algumas de suas ferramentas cairiam como luvas na conjuntura atual: torturem os líderes, seus amigos, suas famílias. A intimidação torna-se uma coisa imprescindível nessa ocasião.

O que eu não suporto mais é ver todo esse tipo de gente inescrupulosa sendo protegida por um grupo de hipócritas do Congresso. Quando os 111 morreram no massacre do Carandiru, lá estava a comissão de Direitos Humanos. Quero vê-la agora, visitando cada família de cada cidadão honesto morto nessa operação. Quero vê-la agora, com que argumentos defenderá os “inocentes” presidiários. Quero vê-la agora, quando 30 mães passarão o “Dia das Mães” sem seus filhos. E agora? A que ponto chegamos?

* Sérgio Martins Pereira

1.5.06

A EXPLORAÇÃO DO CAPITAL - STEPHEN KANITZ

Para gerar 6 milhões de bons empregos, que custam em média 50.000 reais em máquinas e equipamentos, precisaremos de no mínimo 300 bilhões de reais de poupança interna, porque a poupança externa não virá tão cedo. O problema do capitalismo e do socialismo é o mesmo: não dá para investir e consumir ao mesmo tempo. Ou você consome seu salário ou você o investe para o futuro. Investir sempre significa sacrifício. Para gerar poupança interna teremos de apertar ainda mais o cinto, reduzir ainda mais nosso consumo para poder investir em equipamentos e geração de emprego para nossos filhos.

Karl Marx descreve muito bem o enorme sacrifício desumano dos trabalhadores ingleses, que permitiu à Inglaterra ser a primeira potência industrial do mundo. Os Estados Unidos foram mais espertos, trilharam um outro caminho. Eles perceberam que poderiam crescer explorando o capital dos outros, nesse caso, o capital dos ingleses. Tomaram dinheiro emprestado da Inglaterra a juros de 3% ao ano, investiram em máquinas e contrataram milhões de jovens americanos com capital alheio. Ganharam 12% ao ano, pagaram os 3% devidos, e reinvestiram a diferença. Enquanto o capitalismo inglês (e o brasileiro) se apropriava da mais-valia humana, o capitalismo americano se apropriava da mais-valia financeira dos outros.

Os Estados Unidos têm a menor taxa de poupança interna do mundo, algo em torno de 6% do PIB, que não é muito sacrificado, comparado com os nossos 22%. Karl Marx, que não era formado em administração, nunca percebeu esse pequeno detalhe, que modifica radicalmente a sua teoria. Ao banir O Capital do socialismo, Karl Marx perpetuou a exploração do homem pelo homem, o contrário do que queria. O maior país "capitalista" do mundo vive de explorar o capital dos outros, é um "capitalismo" às avessas, justamente o contrário do que ensinam nas nossas escolas. Se nossos jovens aprendessem a pensar, não aceitariam tudo que lhes é ensinado. Ao contrário do que dizem nossos professores, não é o capital americano que explora o mundo, são os americanos que exploram o capital do mundo. Eles captam 500 bilhões de dólares ao ano, todo ano (calcule quantos jovens esse dinheiro empregaria se viesse para o Brasil).

Partidos de direita atraem capital, partidos de esquerda expulsam capital, e como nesta eleição só temos candidatos de esquerda, a poupança do trabalhador inglês, espanhol e italiano já está voltando rapidamente, razão dessa crise toda. O governo brasileiro só em 1967 criou a Resolução 63, permitindo ao setor privado brasileiro finalmente explorar o capital dos outros, via empréstimos externos. Isso permitiu ao Brasil crescer da 46ª para a 9ª economia do mundo (o grande erro dos economistas da época foi assinar empréstimos com juros "flutuantes", que flutuavam após a assinatura do contrato. Deu no que deu, quebramos).

Com a ostensiva moratória da dívida externa de 1987, o plebiscito em que 90% dos brasileiros foram a favor da suspensão do pagamento da dívida, com a nova geração gritando "Fora FMI!", esses empréstimos de doze anos a 3% de juros ao ano rapidamente sumiram, e levarão dez anos para voltar. Hoje, só especuladores que cobram 18% ao ano se arriscam a investir no Brasil com um discurso desses. Após a moratória de 1987 paramos de crescer, e já voltamos a ser a 11ª economia mundial, com desemprego crescente, e se depender de nossos líderes pensantes estamos a caminho da 46ª posição novamente.

Se nossos políticos ouvissem mais nossos milhares de administradores, saberiam como é fácil explorar viúvas ricas do mundo e fundos de pensão de países ricos, que só pedem e só querem 3% ao ano, contanto que não haja risco de calote. Pelo jeito, vamos voltar a explorar nossos jovens via arrocho salarial, aumentando ainda mais os impostos sobre consumo, criando empréstimos compulsórios, únicas formas de gerar poupança interna. Os jovens americanos, ingleses e italianos agradecem.